A cadeira mágica invisível e seus interpretantes

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O que você sente ao ver uma cadeira como essas? Você sentaria nela sem problemas? Compraria algumas para usar na sua casa ou escritório?

Cadeiras mágicas de Davide Conti.

Criada pelo designer Davide Conti, ambas as versões parecem desafiadoramente se sustentar em um só pé. Uma placa de material transparente, quase invisível, eu diria, dá a sustentação necessária para a função do objeto. A cadeira desafia também a nossa coragem e confiança no designer, já que é evidentemente difícil se sentir confortável com a ideia de se sentar em um objeto com aparente falta de sustentação.

As cadeiras MAGICA e MAGICA2 foram premiadas no 3rd Furniture Design Competition organizado pela Design Quest, e, pelo que entendi, ainda não foram produzidas. De qualquer maneira, elas mexem com a nossa concepção de realidade e de objeto, daí eu ter colocado os interpretantes ali em cima, no título. =)

Em primeiro lugar, mexe quando você vê o objeto ao vivo. Ok, eu não vi, mas vamos supor a situação de ver essa cadeira ao vivo. Eu não sei se me sentiria segura para sentar em qualquer uma delas. Talvez após tocar o tal material transparente e “verificar” sua consistência firme e segura… Como seres predominantemente visuais, temos a tendência de confiar mais nos olhos que em qualquer outra percepção. Daí que, se os olhos não ficam satisfeitos com o que vêem, é preciso tocar, ou cheirar, ou provar, para termos mais informações sobre o objeto de análise.

Mexe com nossos conceitos arraigados sobre os objetos que conhecemos. O que vem à sua mente quando pensa em cadeira? Assento, encosto e quatro pés, acertei? E quando você vê uma cadeira e não vê todos os elementos, você acha que aquilo não é uma cadeira, né? É difícil se acostumar com a ideia. Mas a gente se acostuma, e se adapta. Alguns mais rapidamente que outros.

Agora, considerando a fotografia dessa cadeira, supondo que ela já foi produzida e fotografada. Dependendo do ângulo escolhido para a foto, a iluminação, o fundo, e todos os elementos que interferem no resultado final de uma fotografia, você simplesmente não vai enxergar as placas transparentes que dão sustentação à cadeira. E aí, sem o auxílio dos outros sentidos, como se assegurar de que a cadeira não vai cair quando você se sentar sobre ela? E para nós, que lemos no memorial do produto que ele possui suportes transparentes e já sabemos que ele está lá, mantendo a cadeira firme, como dizer que a fotografia é a realidade? Nós “sabemos” que há um suporte, mas não o vemos, porque a foto não nos mostra esse pedaço da realidade. E não estou nem considerando a possibilidade de manipulações posteriores na imagem…

E então, depois de tudo isso, como confiar na fotografia como relator fiel do que é real?

Como o post já está longo e vocês já devem até ter cochilado, vou entrar na discussão fotografia: índice ou símbolo em uma próxima oportunidade.

Pra não perder o hábito, vi no Freshome.

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